sábado, 10 de março de 2012

A Norton, marca da mítica motocicleta que Che Guevara usou na travessia pela América do Sul, foi relançada em 2010 após 15 anos no limbo

Norton Commando: cada exemplar da nova motocicleta da marca custa US$ 21,1 mil
Em 1952, quando o jovem médico Ernesto Guevara e o bioquímico Alberto Granado partiram da Argentina para fazer uma travessia pelos países da América do Sul, eles eram apenas dois desconhecidos. A única lenda que os acompanhava era a "La Poderosa", uma valente Norton 500 cilindradas, a famosa motocicleta britânica cultuada com fervor pelos amantes de máquinas sobre duas rodas. Anos mais tarde, é verdade, Guevara virou Che, o mítico guerrilheiro que, ao lado de Fidel Castro, desceria a Sierra Maestra para comandar a revolução cubana em 1959. Isso só fez crescer a reputação da Norton, retratada com destaque no filme Diários de Motocicleta (2004), de Walter Salles. Apenas a reputação. Durante os últimos 15 anos, a marca esteve no limbo, sem produzir uma única máquina, um único ruído. Em 2010, porém, essa história começou a mudar.
Depois de escutar que o grupo americano que detinha os direitos da marca pretendia vender tudo para uma empresa que fabricava roupas, o jovem milionário inglês Stuart Garner, 40 anos, pegou um voo para os Estados Unidos decidido a resgatar o ícone britânico. "Foram apenas cinco dias do início das conversas até a conclusão do negócio. Paguei alguns milhões de dólares e trouxe a marca de volta para casa", disse Garner. O desafio de Garner é devolver à Norton o papel de protagonista no universo da velocidade e fazer com que ela seja desejada. "Quando as marcas têm uma boa história para contar, o retorno é mais fácil", diz Julio Moreira, sócio da Top Brands, consultoria especializada em avaliação de marcas. Fundada por James Lansdowne Norton, em 1898, a Norton produziu sua primeira motocicleta em 1902. Não tardou para conquistar fãs e chegou a vender 100 mil unidades para o Exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma das grandes proezas da Norton foi marcar presença - como protagonista - no Isle of Man TT, corrida que acontece na Ilha de Man, próxima da Inglaterra, e que reúne os maiores pilotos do mundo.
Stuart Garner
Tradicional para o mundo das motos como a prova de Le Mans é para o automobilismo, essa corrida garante uma espécie de atestado de qualidade para quem a vence. A Norton já levou 19 canecos para casa, um número batido pela Honda apenas este ano. Detalhe: a marca inglesa ficou afastada das pistas nos últimos 15 anos. "Estamos investindo e, em breve, estaremos prontos para competir com eles", rebate Garner. Uma fábrica de 1,4 mil metros quadrados foi erguida no circuito de Donington Park para criar as mais potentes máquinas. O primeiro modelo que acaba de sair do forno é o Commando 961, exemplar com design retrô e que custa 13 mil libras (US$ 21,1 mil). "Temos capacidade para produzir mil unidades por ano", avisa Garner. A julgar pela demanda, é pouco. "Fomos contatados por oito mil pessoas interessadas em comprar".  "Antes de levar a Norton "de volta para casa", como Garner gosta de frisar, ele era desconhecido entre os amantes da velocidade. É, entretanto, um empresário notório por grandes façanhas. Vamos a elas: aos 16 anos, abandonou a escola e começou a trabalhar até que montou uma empresa de fogos de artifício, a Fireworks International, hoje a maior da Inglaterra. Estabelecido, com dinheiro no bolso, criou a Klever Kids, uma empresa que fabrica carrinhos e outros artigos para bebês, e ainda adquiriu uma reserva ecológica em Botsuana. A Norton foi a sua mais recente aquisição e, diante da trajetória de quem a partir do zero criou tudo isso, não é de se espantar se ele levar a marca de 0 a 300 km/h em um curto espaço de tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário